Prestes a perder o apoio do PMDB, o governo decidiu subir o tom e carimbar o vice-presidente Michel Temer, que comanda o partido, como “chefe do golpe” contra a presidente Dilma Rousseff. A ordem no Palácio do Planalto é mostrar a ligação entre Temer e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é réu da Operação Lava Jato, enfrenta um processo de cassação e conduz o processo de impeachment contra Dilma no Congresso.
Com a nova estratégia, o governo espera desconstruir o discurso da ética e da unificação nacional entoado por Temer.
Em reunião, na noite desta segunda-feira, 28, com Dilma e com os ministros Jaques Wagner (Gabinete Pessoal) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), no Palácio da Alvorada, Lula deu voz de comando para a estratégia de reação. Além de atuar no “varejo” das negociações, o ex-presidente – que teve a nomeação na Casa Civil suspensa – disse que as bancadas do PT na Câmara e no Senado devem partir para a ofensiva nas esferas política, jurídica e econômica.
Tudo está sendo feito pelo Planalto para barrar o impeachment ou, ao menos, adiar ao máximo a votação do processo. Do ponto de vista político, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), acusou Temer de estar à frente de uma conspiração. “O PMDB é o PMDB. Agora, por mais que o vice-presidente esteja no comando dessa operação do golpe, duvido que os senadores e deputados queiram abrir mão dos espaços que têm no governo”, provocou. Na mesma linha, o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), disse que Temer “seguramente será o próximo a cair” se Dilma for deposta pelo impeachment.
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